A importância da juventude no processo histórico mundial é conhecida por todos. Foram várias ocasiões em que esse agrupamento social se postou na luta por transformações e mudanças de rumo nas estruturas de poder e na política, sendo muito das vezes os pilares de revoluções e evoluções mundo afora.
No Brasil, também se desenhou uma juventude sempre muito combativa. Em geral a base de organização deste grupo se estabeleceu nas escolas e universidades, que através de seus organismos de representação levavam o debate para sala de aula, e, daí estabeleciam as normas e diretrizes que fariam os jovens inundar as ruas com sua energia e convicção para construir um país mais justo. Foi assim com o lema “O Petróleo é Nosso” na década de 50, ou ainda nos anos 60 na luta contra o golpe militar, posteriormente, na redemocratização e por último, quando os jovens pintaram a cara e foram às ruas lutar pelo “impeachment” de Collor.
E hoje, como é que a juventude vem atuando? Afinal estamos na era da tecnologia, quando a troca de informações se tornou algo banal. Então, como a juventude se posiciona neste momento de crise que agrava o quadro político do país? Essa análise faz com que enxerguemos um fato interessante. Segundo a pesquisa Juventude Brasileira e Democracia do IBASE, temos o seguinte quadro: “com relação à participação em grupos de qualquer natureza, 28% dos jovens se declararam como integrantes de algum grupo, sendo que apenas 4,3% dedicam-se a atividades políticas- partidárias . Segundo a pesquisa, 64,7% dos jovens não acreditam que os políticos representem o interesse da população.” [1]
A constatação da pesquisa pode gerar perplexidade em alguns, mais quem conhece o por dentro o movimento juvenil sabe dos motivos do pequeno interesse na atuação. As estruturas das maiores entidades nacionais de luta como a UNE e a UBES estão completamente atreladas ao governo hoje. Os partidos políticos, em grande maioria não permitem de forma clara e consistente mudanças em suas estruturas internas, impossibilitando ao jovem uma atuação de verdade.
Mudar esse quadro é o desafio da juventude e deve ser a reflexão dos que hoje estão nos quadros políticos dirigentes. Impedir o jovem de atuar hoje é gerar um futuro país sem quadros capazes de levar a frente às mudanças necessárias para nosso povo vencer.
A juventude não pode e não deve aceitar se transformar em juventude cara pálida. O jovem tem o dever de corar sua face de indignação contra os casos de corrupção e o desgoverno do país. Deve invadir novamente os quatro cantos de nosso território com seus rostos pintados, onde se lêem as palavras mudança, futuro e nação. Esse papel é que deve ser construído pelo jovem e por todos os setores que querem organizar a juventude brasileira, independente de entidades, mas comprometidos com o Brasil.
[1] PARTIDOS, Jovens se interessam por política mas não participam de, Organização Brasileira de Juventude. OBJ Notícias, 29 de Novembro de 2005. Disponível em: http://www.obj.org.br/. Acessado em 01 de Dezembro de 2005.
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