A atualidade de Brizola

O Brasil precisa de mudanças! Não fui eu quem disse, mas é o que demonstra uma pesquisa recentemente realizada, na qual a maior parte dos entrevistados, cerca de 70%, vê a necessidade de mudar o atual modelo político-econômico brasileiro.

O modelo brasileiro, privilegia: “companheiros“, partidos políticos e alguns grupos financeiros, ao passo que a maioria de nossa gente mingua no mar de desigualdade e chora estarrecida, ao ver o caminho de lama do sonho petista de poder.

Assistindo a grande mídia, vê-se que são unânimes dois entendimentos sobre a solução para o país:

Um primeiro, é reforçar a estrutura educacional do nossa pátria, viabilizando o avanço no campo tecnológico e através disso vender o “conhecimento” possibilitando acumulação de capitais e riquezas.

O segundo foco, será o de criar mecanismos de controle sobre os gastos públicos. Mais do que mecanismos, escolher e desenvolver medidas administrativas que impeçam a sangria dos nossos cofres. Neste caso, seria de grande valia, que os gestores do dinheiro público fossem pessoas verdadeiramente de bem, comprometidas com a causa pública.

Frente ao clamor público, vejo que o pensamento político de um grande homem brasileiro já falecido e que por anos fora extremamente combatido por seus adversários, se enquadraria perfeitamente hoje em dia. Brizola – é o nome que me vem à cabeça. Sim, é inegável, até pelos que o combateram, que nesta pátria haja político que tenha sido mais intransigente na defesa da educação como meio para superar o atraso e estabelecer a verdadeira independência internacional.

Foi também dele a execução de um modelo de escola inimaginável nos trópicos, e que foi vorazmente destruído por sucessivos e antagônicos governos. Mas, numa época em que se vê artistas e intelectuais dos mais variados matizes discutindo o porquê dos “Falcões” criados dia a dia neste país, sem pestanejar afirmo: a educação, em especial, o modelo dos CIEPs cairia como uma luva hoje, retirando crianças das ruas, dando a elas formações, educacional, esportiva, cultural, tratamento médico, odontológico e alimentação.

É difícil entender como a chamada sociedade civil, melhor dizendo, a classe média organizada, não se indignou com a destruição daquela escola, que em meio ao nosso caos urbano certamente estaria salvando a ela própria – classe média – das conseqüências geradas pela exclusão social, provocada por seu apego ao capitalismo, sistema de referência para seu modelo de mundo.

Que bom seria também que, sem qualquer culto à personalidade, um político com relevantes serviços prestados, experimentado em diversas épocas, em diferentes crises e momentos da República, governasse, não para seus amigos, parentes ou grupos ligados a si, mas que simplesmente desejasse governar para ver realizado seu projeto político. Mais uma vez, tem-se que relembrar, Brizola esteve entre as lideranças brasileiras com o maior status moral. Ao longo dos anos, mesmo criticado e muitas vezes incompreendido, jamais se sujou com escândalos em que figurasse dentre possíveis usurpadores que dispõem da res pública como se suas fossem.

Sem qualquer sombra de dúvida, o pensamento de Brizola e sua “trajetória-história”, hoje, se mostram mais atuais que nunca. Vivesse ele, seria um ótimo candidato à Presidência, uma verdadeira alternativa ao continuísmo e à degradação que nos assola. Pois é Brizola...estás a fazer muitíssima falta ao vosso povo brasileiro, como bem gostavas de dizer.

Postado por, Everton Gomes, em 26/04/2006