domingo, setembro 02, 2012

Educação e violência. ​O ideal é ir morar no deserto?




A violência é o fator decisivo para atrair ou espantar turistas, e moradores, em uma cidade; é o medo maior dos vizinhos, e de antigos fronteiriços; desestimula indústrias legais a instalar-se e atrai tráfico ilegal para a cidade; é motivo da perda do orgulho pela nação e a razão da baixa taxa de crescimento da "consciência social". Então, como solução, fugir da realidade é o que mais se ouve, quando não se está satisfeito com a mesma. E ir atrás de pacatos vilarejos se torna a meta de muitos cidadãos cansados de sofrer com a(u)tos de violência. Busca-se um lugar calmo, onde a chuva é pouca, o calor é constante, a vida é noturna e o clamor é vibrante.

Este lugar está para ser inventado - num conto de fadas já existe - mas, muitas famílias insatisfeitas com a atual condição de risco de vida, e roubos, já procuram uma cidade pequena e pacata para rumar e alojar-se em definitivo. Um lugar aonde o desenvolvimento ainda não chegou plenamente, e pode, portanto, chegar de modo a não se esquecer das causas de um auto de violência.

Em verdade, a violência surge de fatores sociais em desequilíbrio, de iniquidade, e se difunde em diversas formas: da violência contra a mulher e contra etnias historicamente menos favorecidas social e financeiramente, à formação de verdadeiros exércitos de bandidos, bem articulados, com antigos chefões, ou novas chefias e incipientes subordinados, estabelecendo o chamado crime organizado. Acabar com tudo isso é impossível sem investimentos bem encaminhados.
Entretanto, se a água não vai até as raízes, as raízes vão até a água. Uma importante cidade que pretende se desenvolver plenamente deve considerar o investimento na educação como o primordial para um crescimento ordenado, um futuro sem índices altos de violência e com cidadãos de bem e bem preparados em crescente número; maior do que o de despreparados e desesperados por falta de assistência educacional e emprego, respectivamente. Fadados à vida desvirtuada, e criminosa.
Em pormenores, se não houver controle por parte do Estado, as plantas (cidadãos) novas irão atrás de sua fonte de vida (no caso das plantas a água, ainda que distante ou poluída; no caso dos cidadãos, o dinheiro, ainda que "sujo" ou "emprestado", roubado), e não diferenciarão a maneira pela qual se mantêm vivos, apenas tentarão o fazer. É o instinto maior dos seres-vivos manter-se vivo.

Porém, se de um lado da balança da desigualdade está o "cidadãozão", bem-sucedido, procurando paz eterna, do outro, está o "cidadãozinho", eternamente insatisfeito, procurando paz interna. Quando o ostentar da riqueza se torna impossível, a alma humana, irracional, crê em uma solução definitiva para destruir as novas plantas sem secar sua fonte de vida; acredita que é possível haver disparidades gigantes financeiras com convívio social ameno. Ilusiona-se blindando e pagando seguro a seus bens mais valiosos e desdém doar grãos e gotas para as novas plantinhas, sementezinhas, cidadãozinhos alcançarem, algum, status social. Porque ter zero de status é igual a não ter. Desta forma, a vida do deserto se aproxima: o deserto ideológico, o deserto da razão, da solução expressa e definitiva para os problemas antigos sem resposta errante.

No entanto, há saída, há solução. E a solução para a falta de equilíbrio dessa balança com pesos sociais é amplaambígua âmparaampla porque não é pequeno o investimento necessário na educação para resolver uma parte dos problemas. Ambígua porque, no gráfico do desequilíbrio social versus tempo, na medida em que se amplia a taxa de população com padrão de vida médio, diminui-se a com padrão de vida baixo e, principalmente, a com este padrão muito alto, multi-milionário. E, finalmente, âmpara, porque só um neologismo pode exprimir uma aparente nova e desconhecida solução: apoiar. Dar suporte. Amparar.

Pois, se Betinho já dizia "Quem tem fome, tem pressa", a própria violência vem dizendo "Quem quiser acabar comigo não vai ter que me engolir ou me digerir, vai ter que me ouvir, entender, lenta e gradualmente". E, nesse contexto, "ouvir/entender a violência" poderia ser interpretado como: procurar enxergar as causas da injúria da mesma para, então, poder resolvê-la, eliminá-la.

A solução NÃO É privatizar a segurança, trancafiar-se em abrigos, culpar os mendigos ou ir morar no deserto por inobservância dos fatos geradores da (ou de) violência e continuar corrompendo-se, sendo conivente; É ser Visionário: Ser Esperançoso, Ser Investidor, Ser Realista, Ser Compreensivo. Ser Humano. Para poder ser Satisfeito, Correspondido, Bem-Sucedido, Realizado, Compreendido e Humanizado, respectivamente.

Somente agindo com estes verbos em mente, sinônimos da educação do progresso sustentável, pode-se acreditar que a intenção de acabar com a violência que assola o nosso querido Rio de Janeiro é um querer real, não um ideal utópico. É querer morar bem no paraíso de sua cidade natal. E tudo se inicia com uma educação de qualidade, como a aqui defendida educação do progresso sustentável.

Se liga nessa ideia!

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